Thursday 24 April 2008

Critica: À l'intérieur

Titulo Original: À l'intérieur
Realização: Alexandre Bustillo; Julien Maury
Elenco: Béatrice Dalle; Alysson Paradis
Género: Horror; Thriller
Ano: 2007
País: França
Duração: 83 min.
Classificação etária: 18
IMDb Profile - 7.2
RottenTomatoes - 100% (8.5)
Bloody Disgusting - 5/5

Cansados de todos aqueles remakes de filmes de terror Japoneses? Cansados dos filmes de terror para "maiores de 12"? Farto da sensação de tortura que infelizmente não é devida ao filme mas sim à falta de jeito dos actores e principalmente dos realizadores e escritores ? Pois bem, deixem o cinema, deixem Hollywood e procurem o vosso terror em filmes "directo para dvd".

Grandes filmes de terror a Europa nos tem trazido. Um dos mais populares recentemente foi o espanhol [REC], que acabou até por ter um lançamento no cinema, e que foi o grande vencedor do Fantas este ano. Também à pouco tempo o português "Coisa Ruim" (que ainda não tive a oportunidade de ver) causou boa impressão na critica. E claro não nos podemos esquecer dos clássicos do cinema italiano. Mas, nos dias correntes, os Franceses são os mestres do terror. Num top 5 dos melhores filmes de terror de 2007, 3 deles são franceses. Ambos os filmes "Ils" e "Frontier(s)" são amostras perfeitas do que o terror dever ser. Mas nenhum destes é comparavel a "À L'intériour" e nada me preparava para este filme.

A primeira obra de Alexandre Bustillo e Julien Maury é das experiencias mais viscerais, chocantes, assustadoras e mágicas que alguma vez senti ao ver um filme. A história é simples, Sarah, quase a dar á luz, está sozinha em casa até que uma mulher, cujo nome nunca vimos a saber, aparece-lhe à porta convencida que o filho é dela e disposta a tudo para roubar a criança da barriga de Sarah.



As duas actrizes principais, Béatrice Dalle e Alysson Paradis, desempenham brilhantemente os papel de La Femme e Sarah, respectivamente. Em termos de filme de terror não tenho duvida nenhuma que estas foram duas das performances mais impressionantes de todos os tempos.

Mas, o que torna o filme especial é a realização e cinematografia perfeita. Os realizadores conheçem bem o género e o filme começa de forma lenta, mas sempre assustadora, ao melhor estilo de John Carpenter comparável até ao Halloween original. E, algumas das técnicas usadas impressionariam até Hitchcock. Depois, a meio, o sangue começa a correr, tanto que é de fazer inveja a Dario Argento. Até que chega a sequencia final na qual eu, que normalmente não tenho nenhum problema com filmes de terror, me controci, tapei os olhos, gritei "não não nãos" para o ecrã, me senti enjoado, revoltado, chocado... é pura e simplesmente brilhante.

O filme não deixa de ter alguns problemas. As personagens resistem a ferimentos que provavelmente matariam qualquer pessoa, há algumas falhas de lógica, e pessoalmente eu teria retirado as sequencias CGI do feto (que já foram saudadas por outras criticas e que por isso é uma questão de gosto). Mas nada disto realmente interessa quando estamos perantes um filme que nos faz sentir tantas emoções.

Há muitos filmes bons mas a poucos se deve atribuir o estatuto de "Arte", tal como 8 1/2 ou L'Avventura, À L'intérieur é uma obra que, embora por razões diferentes, é dificil de ver e que de certeza que não vai ser apreciado por muita gente mas que, em análise final transcende o estatuto de filme, porque nos faz sentir coisas que, mesmo sendo más, lhe dão o valor de obra de Arte.

Tal como as montanhas russas não é recomendado a pessoas doentes do coração ou gravidas mas, é o meu segundo filme de terror preferido e, se acham que aguentam, façam os possíveis para o verem. Agora!

Trailer




10/10

1 comment:

Lucífera said...

Conheço quem o tenha visto no FantasPorto e que ficou deveras impressionado.
Já ando a tentar vê-lo há algum tempo, então agora aumentaste essa vontade.