A minha primeira experiência no Festival de Cinema do Porto foi este ano, no Pequeno Auditório do Teatro Rivoli.
Assisti a 7 curtas-metragens portuguesas. Na verdade foram 6 e meia, pois atrasei-me à procura do local.
Aqui está a lista das curtas:
Super 8 Series #3 “Memory” – Pedro Maia – Port - 7 min
Jantar em Lisboa – André Carrilho – Port – 10 min
Europa – Pedro Caldas – Port – 19 min
Gentes do Mar – Dânia Lucas – Port - 30 min
Antes de Amanhã – Gonçalo Galvão Teles – Port – 16 min
Homenzinho – Tiago Guedes, Jorge Coelho, Rita Barbosa – Port – 10 min
Realce – João Carrilho – Port – 13 min
"Super 8 Series #3 Memory" representou, pelo menos para mim, um renascer de tudo a partir do nada. Do pouco que tive oportunidade de ver, esta curta-metragem de Pedro Maia é uma confusão de sentimentos vistos de outra perspectiva.
"O momento, os sentimentos, as lembranças e a nossa memória presente." - foi esta a mensagem que Pedro tentou transmitir naquele conjunto de sons e imagens prepositadamente alteradas.
Pedro Maia é um freelancer de cinema, vídeo e multimédia, nascido em 1983. Formou-se em Tecnologias da Comunicação Audiovisual no Instituto Politécnico do Porto e tem vindo a explorar o conceito de live cinema, manipulação de imagens em tempo real e sua relação com o som.
"Super 8 Series #3 Memory" é a sua segunda curta-metragem, sendo que a primeira foi "Super 8 Series #1" publicada em 2006.
"Jantar em Lisboa" é uma curta de animação realizada por André Carrilho. Tem como produtores André Carrilho, Nuno Amorim Animais, arumento e montagem de João Paulo Simões, música também de João Paulo Simões juntamente com Sérgio Costa e som de Nuno Amorim e Paulo Curado.
Fala de um jovem, o Jaime, que trabalha numa revista semanal. Depois de mais um dia rotineiro, Jaime pensa ir jantar com a sua namorada Teresa, mas um fax da mesma a pôr fim na relação de um ano. Deixa a redacção da revista meio atordoado ainda com a notícia e eis que encontra Lisboa numa hora de ponta não muito comum.
André Carrilho nasceu a 26 de Julho de 1974 em Lisboa. Trabalha como designer, ilustrador, cartoonista, animador e caricaturista, tendo ganho vários prémios nacionais e internacionais. Em 2002 venceu o "Gold Award for Illustrator’s Portfolio" da Society for News Design (EUA). Actualmente apresentou algumas ilustrações na New York Times, Harper’s, The Independent On Sunday e Vanity Fair. Possui uma banda, os Video Jack, e actua frequentemente no Lux e noutros festivais internacionais.
"Jantar em Lisboa" é o seu primeiro filme e retrata uma ideia um tanto ou quanto inovadora e bem pensada para uma curta de animação. Além da qualidade que deixa trespassar, acaba por ser uma mensagem de revolta e um misto de egocentrismo e desilusão.
Aproveito para fazer publicidade ao canal 2, que ainda há uma semana apresentou este mesmo filme no programa "Onda Curta".
"Europa" foi realizado por Pedro Caldas, bem como produzido, montado e argumentado. A fotografia é de Leonardo Simões e o som de Raquel Jacinto. Os principais actores foram Eduard Burneuski e Khary Hopffer.
"Europa" começa com uma simples viagem numa carrinha de dois homens e uma mulher. Esta é levada para um edifício degradado onde é violada e humilhada. A carrinha segue, agora com três mulheres. Uma tenta escapar, mas é agarrada.
Pedro Caldas nasceru a 11 de Setembro de 1958 e formou-se na Escola Superior de Cinema. Este é o seu o
itavo filme, tendo já trabalhado no som de filmes como "A Ilha dos Amores" de Paulo Rocha, Ana de António Reis e Margarida Cordeiro, "Dina e Django" de Solveig Nordlund, "Uma Rapariga no Verão" e "Meia Noite" de Vítor Gonçalves, "Duma Vez por Todas" de Joaquim Leitão, "Núvem" de Ana Luísa Guimarães, "Aqui d’El Rei" de António-Pedro Vasconcelos, "O Sangue" de Pedro Costa, "Coitado do Jorge" de Jorge Silva Melo e "Corte de Cabelo" de Joaquim Sapinho. Dirigiu a produção de António, "Um Rapaz de Lisboa" e de "O Fim" ou "Tende Misericórdia de Nós". Também integrou os "Artistas Unidos até 2000".
Cenário típico? Sim, "Europa" tenta mesmo transmitir a realidade das ruas e o contrabando de mulheres para a prostituição.
A realização, produção de argumento de "Gentes do Mar" são da responsabilidade de Dânia Lucas. A fotografia é de Jan Krauspe, a montegem de Nuno Rocha e o som de Alexandre Delmar e Cláudia Santos.
"Gentes do Mar" fala sobre a luta pela sobrevivência dos homens que passam os seus dias rodeados por mar e com a esperança de que tudo mude. Têm vidas normais, mas convivem pouco com a família. As suas caras e expressões transmitem bem todas as experiências que o mar lhes traz.
Este é o primeiro filme de Dânia Lucas, nascida a 21 de Fevereiro de 1983, em Vila do Conde. Dânia é licenciada em Tecnologias da Comunicação Audiovisual, do Instituto Politécnico do Porto.
"Gentes do Mar" fala-nos mesmo sobre isso. É um retrato da vida típica de milhares de portugueses da geração anterior e algumas dezenas ainda nesta.
"Antes de Amanhã" é realizado por Gonçalo Galvão-Teles, tendo este sido também o responsável pelo argumento e pela produção. A fotografia é de André Szankowski, montagem de Pedro Ribeiro, música de Bernardo Sassetti e som de Vasco Pedroso. Os actores que participam no filme são Adriano Luz, Albano Jerónimo, Beatriz Batarda, Filipe Duarte e Joaquim Leitão.
"Antes de Amanhã" começa com Mário, um homem pessimista que vive constantemente em fuga. Encontra agora a esperança num encontro combinado numa cabina telefónica, na Calçada da Ajuda, às sete da manhã. É madrugada do dia 25 e algo parece estar diferente.
Gonçalo Galvão-Teles nasceu a 12 de Fevereiro de 1973 e é argumentista, realizador e produtor. Formou-se em direito e escrita de argumentos, sendo responsável pelo departamento de projectos da Fado Filmes. Argumentista e realizador do telefilme “Teorema de Pitágoras”, co-realizador de “A Noiva” e autor de dois outros argumentos para a SICFILMES, é também autor do argumento da animação “A Suspeita” e do filme de M. Kreuzliger “The Birthmark”.
"Antes de Amanhã" surpreendeu-me. Além da qualidade do trabalho, dos actores e do argumento, a preocupação com a reintegração na época realçou todo o empenho no filme.
"Homenzinho" é o resultado do trabalho de grupo de Jorge Coelho, Rita Barbosa e Tiago Guedes. A produção é da responsabilidade de Curtas Metragens C.R.L., Take It Easy, o argumento e música de Jorge Coelho e fotografia de Rita Barbosa. Os actores principais são António Durães, João Maya e Rodrigo Santos. "Homenzinho" começa com uma viagem de metro, entre a estação da Casa da Música e o Bolhão. Um rapaz conversa com um homem sobre um filme em desenvolvimento, que supostamente será sobre um retrato. Mas, a certa altura, o homem irrita-se: “Que queres que te diga? Que, se me disseres algo verdadeiramente fundamental toda a gente deste mundo vai parar o que está a fazer, vai olhar para cima e bater palmas. Ajuda-te?”.
Jorge Coelho, Rita Barbosa e Tiago Guedes nasceram no Porto e tentaram construir um retrato social daquele que é o dia-a-dia da grande maioria dos cidadãos da Invicta. Este é o primeiro filme de Jorge Coelho e Rita Barbosa, mas o oitavo de Tiago Guedes.
"Realce" tem argumento e realização de João Carrilho, foi produzido por Luis Urbano, Sandro Aguilar O Som e a Fúria, tem fotografia de João Dias, montagem de Sandro Aguilar e som de Gonçado Brou. Conta ainda com a participação de Cecília Dias, Cláudio Pereira, José Moreira, João Gomes, Patrícia Brandão, Rui Fernandes e Sabri Lucas como actores. A discoteca "Realce" está a organizar uma mega festa num Sábado. Está tudo preparado, desde os convites, cartaz, passagem de modelos, Top Models, DJ convidado, fotógrafo de moda internacional e muitas, muitas mais surpresas para esta grande noite em Freamunde.
João Carrilho nasceu a 13 de Março de 1970 e fez a pós-produção em video-analógico digital da Médiaform e o curso de câmara e iluminação (vídeo) da Logomédia. Chegou a frequentar o 1º ano do curso de fotografia da AR.CO e do curso superior de cine-video da ESAP. O seu trabalho prime-se pelo video designer, tendo participado no projecto Dub Video Connection, onde explora o conceito de visuals e video jamming. É ainda responsável pela operação de vídeo para diversos eventos e pela realização, produção e montagem de spots televisivos e vídeo clips.
Não deixem de visitar o projecto da sua responsabilidade, o
Dub Video Connection.
"Realce" é uma experiência, sem dúvida, única. Isto sim representa a realidade em muitos recantos do nosso país. Penso que basta-me dizer que entram avecs que dirigem uma discoteca que me faz lembrar a "Belidisco". Aqueles que conhecem a zona sabem do que falo.
Esta experiência serviu para me pôr ao corrente do bom trabalho que se tem feito em Portugal e para me fazer lembrar-vos que não é só de Hollywood e de longas-metragens que vive o cinema.
Fontes: FantasPorto e CurtasMetragens